Relacionamento não é troca de favores
Como eu aprendi a entregar por amor e não por favor. Isso não é um tutorial!
É muito difícil não falar do meu último término quando foi ele que me fez olhar pra dentro como deveria.
Esse título foi algo que ele disse pra mim no nosso fim: “Relacionamento não é troca de favores”.
Na hora, doeu em mim como uma facada — e o pior: eu nem entendi direito o porquê.
E de tudo que ele me falou, essa sem dúvida foi a frase mais marcante, mas eu precisava entender ela letra por letra, espaço por espaço.
Não tenho certeza se entendi tão bem, mas do meu jeitinho eu entendi.
Constantemente de forma explícita ou não, eu dava o que eu esperava receber, seja uma flor ou uma atitude e até no fim eu quis impor esse meu jeito como se ‘‘eu te dei uma oportunidade de se mostrar melhor e você deve fazer o mesmo por mim’’.
Girl, não. Isso só provou ainda mais o lado dele de que eu não sou uma boa pessoa pra se estar relacionando. — que eu não ERA, eu parei de pirar com isso. — Em um relacionamento não se deve dar para receber, você dá porque você ama, simples assim.
Se eu dei uma segunda chance a ele foi por amor, se ele me desse uma segunda chance da maneira que pedi, era favor.
Na hora, eu só ouvi aquilo como uma recusa. Mas depois, fui entendendo que o que ele disse era muito maior do que aquele momento. Era uma chave pro que eu vinha fazendo o tempo inteiro sem perceber: dando por amor, sim, mas esperando um favor em troca. Ele só verbalizou, no fim, algo que eu ainda não tinha coragem de admitir: que minha forma de amar, às vezes, era um teste disfarçado de afeto.
Entender seus pequenos lados tóxicos desse jeito dói muito, porque nós mulheres — não estou generalizado, me poupa. — geralmente nós achamos mais evoluídas, mais maduras que homens num geral porque é isso que a gente escuta e aprende a vida inteira.
Não que seja uma mentira absoluta, em vários casos isso está certo mesmo, mas não em todos.
Querendo ou não tem um quê tóxico nisso pois você acaba expondo seu parceiro a testes que só existem na sua cabeça e, por não receber tudo aquilo que você julga que merece, nasce a frustração e isso não justo com ninguém, nem com você mesma.
Eu fazia isso sem querer, mas fazia. E a falta de autoconhecimento e a falta de capacidade de conversar se transformava em frustração e eu inventava discussões por um motivo que sequer fazia sentido, por exemplo:
Eu comprei flores para o meu parceiro me enganando que o motivo era somente de agradar, mas no fundo era de receber o mesmo, e nunca acolhi isso de verdade.
E quando não recebi? Fiquei frustrada.
Não falei nada, claro.
Mas essa expectativa não acolhida foi crescendo dentro de mim até virar estopim de outras brigas que nem eram sobre flores.
Eram só sintomas de algo que eu mesma plantei, esperando colher algo igual e ignorando as outras milhares de declarações que eu recebia diariamente e por conta de uma flor não me sentia amada de verdade.
Isso quer dizer que devemos ignorar as formas que desejamos ser amadas? Óbvio que não!
Mas devemos saber comunicar isso e não submeter o outro a pequenos testes e plantar uma frustração que o outro sequer sabe que está acontecendo e ignoramos o mal que isso faz por ser tão normalizado, um exemplo disso no TikTok que vi uns dias atrás
Você está errada em ter um plano sobre o que você gostaria pra sua vida? Não está. Deve sim existir limites mas isso precisa estar alinhado com seu parceiro principalmente se existir amor na relação, não estou querendo impor regras até porque meu lema de vida é “Existem 8 bilhões de realidades e não existe verdade absoluta”.
Mas onde eu quero chegar com tudo isso é que não devemos viver criando testes imaginários e nós entregando de modo que damos esperando reciprocidade específica sobre algo, isso não é amor; É favor.
Se eu desejava flores para me sentir amada, o correto deveria ter tido uma conversa sobre minhas expectativas e desejos. Não se engane, isso não é “cobrar o mínimo” neste caso, pois eu era muito amada, mas de outras formas. Do jeito que ele cresceu vendo como se demonstra amor. Tem homens que crescem rodeados de mulheres que não gostam de flores, então é natural que ele não te dê uma flor, para não desagradar. Entendem?
Isso não é somente sobre flores, mas foi o exemplo mais básico que pude encontrar.
Ninguém ensina a gente a falar o que sente sem soar carente. A gente aprende a jogar indireta, a esperar gesto óbvio, a medir o amor por quanto o outro adivinha nossas faltas. Mas e se a gente só dissesse? E se eu tivesse dito: “eu adoraria ganhar flores às vezes, só pra saber que você pensou em mim no meio do dia”
Verbalizar o que queremos não deve ser vergonhoso, é uma coragem linda que só o amor maduro pode proporcionar. Peça flores, externalize seu desejo de casamento, de viagem, de um docinho quando ele vai na farmácia.
Não se doe para receber, se doe para amar, para ver quem você ama feliz e seja feliz com a felicidade de quem você ama.
Obrigada por ler até aqui.
Escrevi esse texto pra me ouvir, você não precisa se identificar — afinal, existem 8 bilhões de verdades, mas se você se encontrou em algo é bom saber que eu não estou sozinha.
Com carinho,
Lanai♡
P.S.: Eu ainda quero muito ganhar flores, mas prometo que, se elas não vierem naturalmente, eu vou explicar com calma a importância que elas têm pra mim.
Esse texto é um lembrete necessário. Relacionamento não é sobre criar expectativas silenciosas esperando que o outro adivinhe. É sobre comunicação clara, sobre entregar por amor, e não pra cumprir uma troca. E, sim, aprender isso dói, mas liberta.
obrigada por esse texto, me senti acolhida no meio de um turbilhão de pensamentos/sentimentos. foi, pra mim, uma ajuda importante pois eu estava pensando nisso ainda a pouco, então me senti nesse texto e no seu exemplo. enfim, apenas obrigada e continue escrevendo :)